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De acordo com os dados divulgados pela DGES o Instituto Politécnico de Tomar volta a ser, pela 3.ª vez consecutiva, a instituição de ensino superior pública com a menor taxa de ocupação com, exactamente, 20% de vagas colocadas.
Das 515 vagas foram preenchidas apenas 103 nas 3 escolas do Instituto Politécnico de Tomar (Escola Superior de Gestão de Tomar e Escola Superior de Tecnologia de Abrantes 81 em 400 e Escola Superior de Tecnologia de Abrantes 22 em 115).
Os únicos cursos com a maioria das vagas ocupadas é o de conservação e restauro com 86,7% (26 em 30) e fotografia com 53,3% (16 em 30), ambos na Escola Superior de Tecnologia de Tomar seguindo-se, com taxas de ocupação inferiores a 50% os cursos de Comunicação Social com 43,8% (14 em 32) na Escola Superior de Tecnologia de Abrantes e Gestão Turística e Cultural com 37,0% (10 em 27) na Escola Superior de Gestão de Tomar. Os restantes ficaram-se abaixo de um quarto das vagas disponibilizadas.
Por escolas, as 3 escolas não conseguiram preencher mais do que um quarto das vagas disponibilizadas, sendo que a ESGT foi a mais mal colocada embora o conjunto ESGT/ESTT conseguirem um resultado ligeiramente superior que a Abrantes.
IPT - Cursos sem colocados na 1.ª fase:
Causas para os resultados obtidos
Não alongando muito, é evidente que uma das causas prende-se com o ordenamento territorial da oferta formativa no ensino superior que derramou, literalmente, sobre o país dezenas de escolas superiores e centenas de cursos, claramente desajustadas à procura. É errado tentar explicar tal facto como um tentativa de oferecer diferenciação, o país não suporta este nível de dispersão curricular onde é flagrante a duplicação de cursos que ainda que com denominações diferentes partilham o núcleo central de unidades curriculares, existem vários cursos onde a diferença dessas unidades é inferior a dez. Por outro lado, no Distrito de Santarém, único caso em Portugal, existem dos Institutos Politécnicos, o de Santarém e o de Tomar com a agravante de ministrarem cursos iguais.
A terem que encerrar cursos era preferível que se encerrassem cursos no Instituto Politécnico de Santarém que tenham oferta igual em Tomar, isto porque, Santarém fica a uma hora de Lisboa, onde há igualmente oferta semelhante e até mais especializada.
Por outro lado, a Câmara Municipal deve tomar medidas no sentido de tornar mais atractiva a Cidade de Tomar, para que a mesma potencie a vinda de mais estudantes, já que actualmente não oferece um futuro ou, sequer mesmo, uma esperança de futuro e isso não ajuda a captar alunos para o Instituto Politécnico de Tomar.
A duas horas de distância, encontra-se oferta curricular superior em Santarém, Lisboa, Leiria, Portalegre, Évora, Coimbra, Castelo Branco, etc, o que para alunos exteriores, na maioria dos casos, se traduz em cidades mais apetecíveis para estudar do que Tomar que neste momento não lhes oferece rigorosamente nada.
Por fim, aplicando-se a todo o país, o caminho não deve ser trilhado pela criação de cursos às centenas, os ditos cogumelos que nasceram por todo o país, não vêm melhorar a oferta, vêm onerar a administração central, sendo contrários aos princípios da racionalização e eficiência de custos, a especialização deve vir pela uniformização das licenciaturas e especialização nos mestrados, pós-graduações e doutoramentos.
As escolas politécnicas devem manter um núcleo base de licenciaturas, oferecer acesso aos estudos intermédios como os CET’s sob pena de andarem a concorrer umas com as outras com uma oferta muitíssimo superior à procura. Muitos cursos apareceram como tentativa de angariar mais alunos, equivocando-os em algumas situações, seja pelo nome que se lhes dá, seja pelas perspectivas que criaram, mas, na maioria dos casos, esses alunos encontravam cursos bastante parecidos e mais próximos poupando-os às despesas inerentes bem como ao Estado, recursos que poderiam ser alocados na investigação e desenvolvimento se esta estivesse, para cada área central do saber, centralizada numa ou duas Universidades e Politécnicos.
Mais uma vez, tentou-se mostrar uma imagem de dinamismo à portuguesa, tentou-se criar uma máquina de fazer licenciados, mas olhou-se sobretudo para o ego próprio de algumas regiões/cidades do que para o essencial, fornecer uma instrução superior de qualidade eficiente.
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