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É um facto que os centros históricos ao longo dos tempos tendem a padecer de especulação imobiliária que faz disparar o preço do metro quadrado ao passo que, em sentido inverso e em frequentes casos, as rendas se foram tornando cada vez mais desfasadas da realidade económica. O resultado traduziu-se, um pouco por todo o país, nas baixas de muitas cidades completamente envelhecidas, degradadas e sem vida aparente. Os centros históricos têm dois tipos de inquilinos estereotipados: Os mais idosos com rendas muito baixas, diga-se também de acordo com o seu rendimento, que impedem os senhorios de realizar as devidas obras de manutenção dos edifícios e; Os escritórios e lojas com poder económico para pagar rendas inflacionadas por uma especulação aparente. No fim, sobra a política de Rei Morto, Rei Posto, onde os senhorios deitam vivas à vacância de lugares, muitos sem mesmo efectuar obras de restauro e melhoria, para logo aumentar a exigência de valor pela renda, como se, de facto, no memento que Portugal atravessa, existisse uma procura elevada por tais espaços, o que não é verdade.
Ora, o centro histórico de Tomar não é excepção e, com uma agravante: o comércio local está a definhar, não há lojas nem muito menos empresas para alugar escritórios. Restam os moradores que um-a-um vão desaparecendo, restam as fachadas outrora imponentes e hoje cobertas do negro do passar dos anos. O Centro de Tomar é centro histórico e pouco mais, não é centro económico, não é centro comunitário, tenho dúvidas que seja centro político (embora esse entendimento deva ficar para outro artigo), não é centro comercial, social ou seja do que for, nem sequer é um centro geográfico. Posto isto o que é o centro histórico de Tomar? É um emaranhado de edifícios com bastante história mas que hoje estão completamente ao abandono, pelo menos do ponto de vista dum projecto ou duma visão económica ou urbanística, mesmo quando geograficamente se situa precisamente entre o Convento de Cristo e toda a cidade de Tomar.
Esse é, portanto, o enquadramento que se deve dar ao centro histórico, deve ser a base urbana dos vectores turístico, cultural e económico. Começa por questões práticas e simples:
Do ponto de vista urbanístico e da sua regeneração deve se atender e dar prioridades a políticas com vista à humanização do centro histórico, assim deve a Câmara Municipal iniciar diligências no sentido de trazer vida para o centro histórico:
Uma cidade criativa, com sentido empreendedor e proactiva mede-se na forma como as suas centralidades estão receptivas a projectos e capazes de fornecer as respostas e os meios mais eficazes para as iniciativas públicas e privadas se instalarem.
É esse o centro histórico que quero para Tomar.
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