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Um centro histórico vivo, precisa-se!

por Virgilio Alves, em 13.06.13

É um facto que os centros históricos ao longo dos tempos tendem a padecer de especulação imobiliária que faz disparar o preço do metro quadrado ao passo que, em sentido inverso e em frequentes casos, as rendas se foram tornando cada vez mais desfasadas da realidade económica. O resultado traduziu-se, um pouco por todo o país, nas baixas de muitas cidades completamente envelhecidas, degradadas e sem vida aparente. Os centros históricos têm dois tipos de inquilinos estereotipados: Os mais idosos com rendas muito baixas, diga-se também de acordo com o seu rendimento, que impedem os senhorios de realizar as devidas obras de manutenção dos edifícios e; Os escritórios e lojas com poder económico para pagar rendas inflacionadas por uma especulação aparente. No fim, sobra a política de Rei Morto, Rei Posto, onde os senhorios deitam vivas à vacância de lugares, muitos sem mesmo efectuar obras de restauro e melhoria, para logo aumentar a exigência de valor pela renda, como se, de facto, no memento que Portugal atravessa, existisse uma procura elevada por tais espaços, o que não é verdade.

  

Ora, o centro histórico de Tomar não é excepção e, com uma agravante: o comércio local está a definhar, não há lojas nem muito menos empresas para alugar escritórios. Restam os moradores que um-a-um vão desaparecendo, restam as fachadas outrora imponentes e hoje cobertas do negro do passar dos anos. O Centro de Tomar é centro histórico e pouco mais, não é centro económico, não é centro comunitário, tenho dúvidas que seja centro político (embora esse entendimento deva ficar para outro artigo), não é centro comercial, social ou seja do que for, nem sequer é um centro geográfico. Posto isto o que é o centro histórico de Tomar? É um emaranhado de edifícios com bastante história mas que hoje estão completamente ao abandono, pelo menos do ponto de vista dum projecto ou duma visão económica ou urbanística, mesmo quando geograficamente se situa precisamente entre o Convento de Cristo e toda a cidade de Tomar.

 

Esse é, portanto, o enquadramento que se deve dar ao centro histórico, deve ser a base urbana dos vectores turístico, cultural e económico. Começa por questões práticas e simples:

  1. O estacionamento deve ser muito condicionado na zona do Castelo e do Convento como forma de “obrigar” o tráfego turístico a essa zona destinado a passar pelo centro histórico e de forma pedonal cujo objectivo é estimular a actividade comercial aproveitando os milhares de visitantes que o Convento de Cristo atrai.
     
  2. O tráfego automóvel deve ser restrito apenas a moradores e comerciantes em todo o centro histórico para libertar a fruição natural pedestre, o ambiente agradece e torna a zona muito mais aprazível já que há alternativas para estacionamento muito próximas.
     
  3. Lançar um programa municipal de dinamização cultural do centro histórico, espectáculos, teatro, feiras temáticas entre outros eventos.


Do ponto de vista urbanístico e da sua regeneração deve se atender e dar prioridades a políticas com vista à humanização do centro histórico, assim deve a Câmara Municipal iniciar diligências no sentido de trazer vida para o centro histórico:

  1. Notificar os proprietários dos edifícios devolutos e em risco para a realização de obras de restauro e, no caso da sua impossibilidade, iniciar um programa de aquisições ou expropriações, se for o caso, suportando a sua reabilitação tendo em vista a posterior venda eliminando a pressão especulativa, praticando preços acessíveis quer na venda dos imóveis restaurados quer no seu aluguer, dando também destaque a iniciativas como as que têm surgido em algumas autarquias nomeadamente o arrendamento jovem onde o acesso à habitação nas centralidade goza de alguns privilégios e incentivos fiscais e financeiros. O objectivo é simples, um centro histórico vivo e habitado atrai comerciantes e visitantes, devolva uma nova cara e promove a sua viabilização social e cultural além dos óbvios benefícios económicos.
     
  2. Dar primazia aos projectos que se traduzam em melhorias urbanísticas e ambientais, tais como a modernização da iluminação pública, dos sistemas de manutenção urbanos, dos sistemas de recolha de lixo e limpeza, etc.
     
  3. Dar especial atenção aos projectos que promovem o crescimento sustentado, através da prioridade à instalação de estabelecimentos comerciais, empresariais, colectividades, associativismo e movimentos cívicos. Especialmente na criação dum plano municipal que promova e preveja a facilitação da instalação desses projectos ao nível fiscal e burocrático.

 

Uma cidade criativa, com sentido empreendedor e proactiva mede-se na forma como as suas centralidades estão receptivas a projectos e capazes de fornecer as respostas e os meios mais eficazes para as iniciativas públicas e privadas se instalarem.

É esse o centro histórico que quero para Tomar.

 

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publicado às 11:45



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