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O Jornal Cidade de Tomar faz destaque para esta medida que a Câmara Municipal quer fazer avançar, o executivo quer que os prédios rústicos e urbanos pagam mais Imposto Municipal sobre Imóveis na razão do dobro para os devolutos e triplo para aqueles que se encontrem em ruínas.
Esta medida enquadra-se na tentativa de se erradicarem os prédios devolutos ou em avançado estado de degradação do Centro Histórico de Tomar, um dos problemas urbanísticos com que tomar se depara e até se saudava se de facto a própria CMT desse o exemplo, mas infelizmente em pleno Centro Histórico e há vista de todos existem edifício da própria autarquia que não abonam nada à imagem de Tomar, um dos exemplos mais flagrantes são os Lagares D’El Rey, numa zona privilegiada e que dão um cartão negativo àqueles que visitam e Tomar e aos que estão de passagem, já que se encontram numa das vias de entrada e saída da cidade.
É necessário reformular urbanística e socialmente o Centro Histórico e revitalizá-lo económica e culturalmente, como tal urge combater o despovoamento e as suas consequências tais como o abandono dos imóveis devido à especulação fundiária. A razão de nos centros históricos das cidades e determinadas centralidades urbanas que estagnam se observar este fenómenos centra-se com o facto de no meio imobiliários à medida que nos aproximamos de tais centralidades os preços e a especulação tendem a aumentar, seja pelo factor histórico como em Tomar, seja pelo terreno, isto é, não é o imóvel propriamente dito mas sim a área onde se encontra e, tal se agrava aquando da junção desses dois factores, localização e imóvel com algum interesse histórico-social.
Não é um problema intrínseco a Tomar, observamo-lo em maior escala nas grandes cidades, Lisboa e Porto são exemplos, mas também no exterior onde a principal praça financeira do mundo, Nova Iorque, também apresenta esse problema. Porém, a forma como se lida com esse problema é que difere, por exemplo a Câmara Municipal de Constância aborda o assunto procedendo à compra dos imóveis ou pela expropriação a título de interesse público dos imóveis degradados, para os reconstruir e colocar à venda ou no sector do turismo, dando uma imagem lavada do centro.
Os municípios devem tomar parte activa na regeneração dos centros, impedir que a pura especulação os mine e traga efeitos colaterais, a degradação gera um ambiente sujo, inestético e potencialmente perigoso, o que afasta pessoas e com elas o comércio, serviços e actividades culturais, definhando os espaços enquanto não se fizer nada por eles.
Se bem que tenha referido o factor da especulação como o mais relevante, também é necessário analisar pela vertente humana e demográfica, actualmente que habita os centros mais antigos são pessoas idosas ocupando os andares superiores e o comércio e serviços nos pisos térreos, genericamente, demograficamente são espaços envelhecidos porque são fruto na sua maioria de rendas baixas de pessoas que aí habitam há várias décadas, o que leva a que o proprietário, não usufrutuário do bem na sua plenitude não tenha condições para proceder a melhorias no imóvel, o mesmo se pode dizer para aqueles que também aí vivem há várias décadas, mas cujo imóvel é de sua propriedade. Nestes casos, deve o proprietário solicitar apoio da Câmara no sentido de se encontrar a melhor solução, crédito se não se quiser desfazer do imóvel ou venda se não tiver condições para tal, deve a Câmara em último lugar comprar o imóvel, mas nunca por valores inflacionados pela especulação.
Em último lugar deve então a Câmara adquirir tais imóveis reconstruindo-os ou remodelando-os para depois os colocar à venda ou arrendar, novamente ignorando as flutuações especulativas e incentivando ao arrendamento a jovens através de programas de fixação. Desta forma o Centro Histórico ganharia vida e com ela, mais comércio, mais serviços, mais dinamismo, mais cultura, etc.
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